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Sentimentos Éticos

Os teólogos e cientistas da religião que me perdoem, mas não experimentamos a divindade somente através da religião. Deus, a quem prefiro chamar de “espírito da bondade universal”, se manifesta de muitas maneiras. Como um profissional da filosofia, penso que há uma racionalidade ética, que não se constitui somente pela razão, que verificamos na imanência do existir. No nosso cotidiano encontramos situações emocionais, afetivas, que se imiscuem com o intelecto e que sobrepujam a necessidade da profissão religiosa de qualquer natureza. Não que não se deva admitir que a crença tenha uma função importante na constituição de nossa experiência vital.

No entanto, a vivência religiosa intramuros nem sempre garante a qualidade ética da fé. Há usos os mais variados que se fazem da religião, que implicam até mesmo desvios éticos. A religiosidade efetiva prescinde da prática institucionalizada. Singularidades do dia a dia confirmam essa sensação.

Episódios recentes contribuem para que eu amplie minha convicção de que há mais humanidade e bondade universal numa simples fala, numa tristeza criadora que nos interpela como pessoas, que na prática religiosa em si mesma. Livre de hipocrisias, esses eventos cotidianos fazem revirar nossas vísceras, para que nos debatamos conosco mesmo. Um deles foi a triste perda de uma filha de minha prima, uma moça jovem, muito jovem. O contato visual com suas fotografias e com o seu corpo inerte, transmitiram-me a sensação de um amor fraternal que a consanguinidade proporciona. Por um dos acasos do destino, suas feições lembraram a minha condição de filho e, sendo seu corpo depositado no mesmo espaço em que se encontrava o de minha mãe, mergulhei na profunda comoção da busca, sempre constante, do “espírito da bondade universal”, que um amor filial, materno, sempre nos proporcionará.

Durante uma reunião da qual participei, veio outra situação. Em geral somos avessos a manifestações públicas de emoção. Criticamos e negamos a possibilidade de que o sentimento ético emocionado seja compartilhado socialmente. O capitalismo faz tudo para estimular o prazer, mas nega a frustração, a perda, a dor, os sentimentos de compaixão e cuidado, a tristeza diante de uma injustiça. Uma agente pública chorar em uma reunião porque se compadeceu com as pessoas ignoradas socialmente, não me parece lugar comum.

Por essas e outras, acabo considerando que podemos nos tranquilizar diante das justas iras, dos “desequilíbrios” emocionais. Através desses sentimentos, conectados a algum estado de racionalidade, percorremos os caminhos da busca da “bondade universal”.

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Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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