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A Origem das Forças

Por vezes nos perguntamos sobre a origem das forças que imaginamos possuir para a continuidade de nossa jornada. São tantas intempéries e contrariedades, que parece que não resistiremos. Desconfortos frente às diferenças, indignação em relação às injustiças, compaixão diante das dores do outro, medo diante do inusitado e dos limites físicos. Sucumbiremos? Onde encontrar meios para não se deixar levar pelo pessimismo, pelo descontrole emocional, pela indiferença?

Há muitas possibilidades. Talvez nem as percebamos como deveríamos. Alguns se agarram na razão, outros na fé, outros no trabalho de autoconhecimento por meio da terapia. Todos esses caminhos são válidos. Cada um de nós reage como pode, de acordo com as experiências que carrega, as percepções mais profundas. Nosso psiquismo é uma massa disforme. Não nos damos conta de quanta matéria inconsciente nos move. Boa parte das fontes de sofrimento, insegurança, medo, desespero, manias, perversidades, egoísmos e tantos outros resultados emocionais provêm do mais profundo de nós mesmos. Por mais esforço em amenizar a angústia, ela nos move cotidianamente, torna-se nosso “grande nó” existencial, que nos interpela para onde nem bem sabemos.

Não há como calcular os resultados, apenas ter uma noção mais ou menos situada dos caminhos por onde caminhamos. O que nos resta? Fazer o melhor que pudermos. Nem tudo está sob nosso controle. Aliás, se estivesse, não seríamos humanos, não seríamos gente, mas seres automatizados, robotizados, sem sentimentos.

Talvez a melhor saída seja aceitar as nossas condições e viver o que temos que viver com coragem e confiança, pois por mais dificuldades que nos surjam, sempre existirá um caminho, uma possibilidade. Não podemos correr o risco de sair do jogo antes do apito final. Há muito por fazer, sem desesperos, sem medos, sem desesperanças.

Nosso tempo não é totalmente limitado. Ele se perpetua de alguma forma e isso deveria nos consolar. Nossas ações, nossas realizações, são sempre maiores que as perdas e frustrações. Se observarmos bem, estamos sempre com a faca e o queijo na mão para construir situações novas, fraternais, humanas.

As forças aparecem, basta que percebamos que somos resultados delas mesmas, como ondas que circulam pelo ar. Afinal, nada é desprezado no universo, tudo permanece de alguma forma e ajuda o processo a continuar. Não podemos desanimar, precisamos retirar as forças de onde mais temos capacidade de retirá-las, seja da razão, da fé ou de dentro de nós mesmos.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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