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Energias Positivas

Nos últimos dias, vivências intensas. Ao mesmo tempo desgastantes e alimentadoras. Reflexões sobre os rumos da vida pessoal e das experiências coletivas. Angústias à parte, dores no corpo aqui e ali, sentimentos de tristeza e impotência, como partes integrantes deste processo vital, foram importantes para indicar um movimento em direção ao potencial para uma vida boa.

Não é fácil carregar o peso dos ideais os ombros, tanto pessoalmente como com nossos pares. Por vezes eles não se materializam. Como apregoava Aristóteles, a busca pelo justo meio é o caminho para alcançar o bem que desejamos. A virtude está no meio. Entre mortos e feridos, riquezas de relações, permeadas por sensibilidades mil e as habituais mesquinharias humanas, falsidades e mentiras que nos rodeiam.

Três situações pessoais motivaram a sensação de alento frente a tantas intempéries. Um encontro com três amigos de longo tempo. Outra, um momento de reflexão acadêmica. Por fim, o resgate da espiritualidade. Nenhuma delas desconectadas entre si. A cura para tantos males, muitas vezes, está justamente no encontro entre pessoas. Amigos que nos estimulam e nos ajudam a caminhar, nos dão conselhos, nos aquietam o coração com palavras seguras e certeiras.

Dos principais aspectos da profilaxia em direção ao bem-estar, a reflexão sobre ideias embalam certezas momentâneas. Uma participação em um evento acadêmico fez-me aprender que nem sempre a vida social, coletiva, promove o bem-estar pessoal. Ao contrário, nos despersonaliza.

A espiritualidade em forma de diálogo caminha em sentido contrário. Ouvir uma líder religiosa, que respira tranquilidade, serenidade, emoção, mas, sobretudo, humanidade, coloca as coisas no eixo. Ele dizia sobre o nosso lixo mental, que precisa virar adubo e fazer germinar novas perspectivas.

Misturadas, estas vivências foram cruciais nestes dias de parto, apreensão, tensão, angústia, tristeza. Uma boa tristeza, como aquela solidão necessária para refletir melhor e ver o que podemos aproveitar do adubo que cultivamos. A participação na banca de mestrado do meu amigo Rudinei Borges, o evento acadêmico mencionado, fez rememorar a leitura de Martin Buber e sua marcante obra “Eu e Tu”. Nesse emaranhado de relações em que vivemos, justamente nele, é que podemos nos encontrar. Não há possibilidade de um “eu” sem “tu”. Não há possibilidade de resolvermos nossas demandas sem um diálogo autêntico.

Nada de fechamento em posições fixas e inacessíveis. Ir em direção ao outro, promover o encontro limpo, respeitador, sincero. Combater o que nos despersonaliza, que nos transforma em massa, em número, em ninguém.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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