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Clima amplia o debate social sobre vulneráveis

  • O Projeto Virada Reflexiva abre espaço para uma importante reflexão de José Arnaldo de Oliveira.

Os grupos sociais geralmente mais vulneráveis continuarão sendo na mudança climática em andamento. Mas os efeitos deverão ser muito mais amplos, atingindo setores e regiões inteiras.

Dessa forma, a resposta de governos, empresas e sociedade civil a esse desafio será também uma escolha política – na medida em que priorize alguns setores em detrimento de outros. E desta vez incluindo outras espécies de vida em perigo na natureza.

A reta final de 2021 tem as conferências globais do clima e da biodiversidade e, embora estejam muito ligadas, o clima deve liderar as atenções pela regulamentação de mecanismos de negócios, como os créditos de carbono trocados entre quem emite gases estufa a mais ou a menos.

Hoje torna-se crescente nas empresas o uso de siglas como ESG, ODS, FSC, Pacto Global e outras do campo da sustentabilidade como era a série ISO para a produtividade nos anos 90. Os governos tendem a buscar acordos sobre refugiados climáticos, cidades sustentáveis, impactos socioambientais de obras e outros temas. 

E a sociedade civil? É muita coisa, mas o foco sempre terá que ser inclusivo. Muitas soluções estão nos saberes populares como os povos e comunidades tradicionais que prestam serviços ambientais ao conservarem biomas.

Além disso, cabe lembrar que vivemos já no que se chama de Antropoceno, onde materiais e alimentos desconhecidos na natureza entram na cadeia alimentar. Um exemplo é o microplástico, que chega até o ser humano.

O que ainda é preciso entender: o ambiente não apenas depende do clima. A natureza e sua biodiversidade também constroem o clima ao transformarem carbono atmosférico em vida.

No sentido oposto, o aumento da temperatura média no leste da Amazônia ou no vale do São Francisco ajudado pelo desmatamento pode inviabilizar o agronegócio do Centro-Oeste ou a vida no Sudeste pela mudança nas chuvas.

E voltamos ao ponto dos vulneráveis humanos ou demais formas de vida. O tamanho do desafio pede mais inclusão.

José Arnaldo de Oliveira é jornalista e Cientista Social (UNICAMP). Atua desde a década de 1980 nos campos do ambiente, patrimônio histórico e educação não formal – no diálogo entre a ciência e o saber popular. Além da região da Serra do Japi, trabalhou em projetos dos povos da floresta na Amazônia Brasileira. Um dos seus maiores orgulhos é ser filho do Seu Antônio e da Dona Helena.

 

 

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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Um Comentário

  1. Todas essas correlações evidenciam que sair dessa encruzilhada em que nos metemos vai ficar cada vez mais difícil e complexo. Desafio para gerações, precisará ser enfrentado com urgência, colaboração e fé na Humanidade.
    Muito bacana sua reflexão, Arnaldo.

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