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Paulo André

Em 1980 eu era um jovenzinho de 18 anos que participava do Movimento de Jovens Católicos e da Pastoral Vocacional. Num dos encontros promovidos pelo então Padre Joaquim Justino Carreira, coordenador da Pastoral Vocacional, o vi pela primeira vez. Uma pessoa cativante, alegre, semblante sempre seguro e ponderado, humor fino, inteligência aguçada. Fiquei encantado. A admiração e o fascínio por aquela figura humana se cristalizaram.

Em 1985 ele se tornou meu professor de História da Salvação no Seminário Diocesano e nossa relação se intensificou no trabalho de reorganização da Pastoral da Juventude. No mesmo ano estivemos juntos, eu, ele e Wilson Roberto Caveden, coordenador da Pastoral da Juventude, representando a Diocese de Jundiaí na 23ª. Assembleia da CNBB, que discutiu o tema da juventude. Ele, que era o coordenador diocesano da pastoral, nos dava ânimo, alento, força para caminhar, mesmo contra todas as dificuldades. Não era fácil para a juventude católica local admitir outra forma de militância, que não fosse aquela da estrutura dos movimentos.

Numa de suas inesquecíveis falas, argumentava sobre a realização do Concílio Vaticano II. Dizia que os padres conciliares fecharam todas as portas do Vaticano, mas deixaram uma janelinha aberta lá em cima. Foi por onde entrou o Espírito Santo.
Depois que escolhi o magistério, nos encontramos diversas vezes. Ele nunca me esqueceu. Em 2011 fiz questão de dedicar um dos meus livros a ele, inspirador daquele trabalho, minha dissertação de mestrado sobre a experiência dos Movimentos de Jovens e da Pastoral da Juventude em Jundiaí. No último dia do professor o mencionei em um artigo, como um dos meus mestres.

O amigo querido, Edilson José Graciolli, também foi muito ligado a ele, quando coordenou os trabalhos da Pastoral Social, embrião do que se tornaria, depois, a Pastoral Fé e Política. Era grande incentivador das relações entre o cristianismo e o compromisso social. Via a política como missão do cristão.

Há momentos na vida em que sentimentos indescritíveis tomam conta de nós. Foi o que ocorreu neste último dia 28 de dezembro, quando soube de sua morte. Senti como se tivesse perdido um pai, um membro da família. Afinal, somos todos irmanados. No último dia 17 de novembro o vi pela última vez no encontro da Pastoral Fé e Política.

Conversamos no final do evento. Ele se lembrou de mim mais uma vez e se disse assíduo leitor de meus artigos. Eu disse que iria visitá-lo na sua nova casa, para a qual retornou. Ele disse que me esperaria. De certa forma a visita aconteceu. Eu estava lá para, entre as pessoas que o acolheram na sua chegada, prestar-lhe minha última reverência, grande mestre, Padre Joseph Paul André Laurièr Labrosse.

Sobre José Renato Polli

Editor responsável

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