Home / Destaque / Duas Mulheres

Duas Mulheres

Obrigado pela paciência. Obrigado pelo apoio e pela ajuda de sempre. Uma de vocês sempre foi meu alter ego. A outra é minha razão para caminhar. Ambas se preocupam comigo. Demais, demais. Mulheres fortes, mas de necessidades afetivas imensas. Admiração por mim? Nem posso reclamar. Cuidados? Permanentes.

Uma é cópia da minha mãe, a outra a companheira de todas as horas. De mulheres talvez eu entenda pouco, mas sempre delas precisei. Por esta razão tenho que agradecer, sempre, pelas que agora tentam me apoiar e pelas que já se foram. Minha mãe era solícita demais, até se anulava. Mas me deu o que de mais precioso guardo em mim, o sentido da incompletude. Vivo buscando uma transcendência em tudo. No trabalho, na convivência, nas leituras, mesmo que existam tantas dificuldades de encontro e convergência entre pessoas e da gente com a gente mesmo. Mas o fato de num final de ano nascerem duas pessoas que me são caras, faz de mim um homem de sorte. Percorri caminhos longos em minha vida pessoal para me reencontrar com duas pessoas assim, a esquentadinha e a delicada. Não preciso mais nada, já tenho dois modelos que se equilibram.

Agradeço à vida por ter uma companheira e uma irmã que fazem aniversários, respectivamente, nos dias 23 e 24 de dezembro. Minha irmã nasceu quando eu já tinha quase quatro anos de idade. Na infância fomos cúmplices em muitas brincadeiras de rua, com os amigos do bairro, numa época difícil, com muitas limitações financeiras. Mas nos mantivemos no ideal de nossa família, íntegros e perseverantes no exemplo que nos deram nossos pais. Minha pequena sereia, ao contrário, vem de outra geração. Uma geração em que esteve sempre no meio.

No meio de outras mulheres, de três mulheres. Estar em sua família com tantas mulheres me faz bem demais. Sinto-me agraciado pela vida em ter três cunhadas. E uma sogra, suas duas irmãs e a mãe delas ainda viva, com quase noventa anos. Mulheres são essenciais neste mundo, símbolos do cuidado e do amor fraternal. Todos nós, de alguma forma, filhos, maridos, irmãos, amigos, somos “homens dependentes e carentes da força da mulher”, como diz a música.

Sem idealizar o feminino, também ele vítima de tantas discriminações e injustiças, coloco-me como homem, na posição de um admirador, nada mais. Tenho amigas em situação de trabalho como eu, secretárias-mulheres, muito dignas e exemplares. Gosto de pensar que como irmão e companheiro, estou protegido por duas mulheres. Minha irmã, que comemora aniversário no dia 24 e minha companheira, que também comemora no dia 23. Feliz por tê-las ao meu lado, continuo minha jornada neste mundo de tantas contradições, mas onde, por fim, deve sempre imperar o amor.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação Escolar (GEPHEES), da Universidade Sorocaba. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

Check Also

PAULO ROBERTO DE ALMEIDA: UM INTELECTUAL MILITANTE

Eu soube apenas na última semana que você havia adoecido. Meu compadre e seu amigo, …