Vários expressivos pensadores sempre se posicionaram a favor da livre manifestação de ideias, independentemente da diversidade de opiniões e dos temas que emergem como dignos de reflexão. Noam Chomsky, por exemplo, linguista e filósofo norte-americano, conhecido por suas posições libertárias, enfrenta com galhardia posições conservadoras em seu país.
Aos 85 anos, o respeitado educador do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), continua de forma aguerrida dizendo que todos devem ter a garantia do direito de expressar opiniões. O mesmo dizia Paulo Freire, patrono da educação brasileira, ao se referir ao trabalho do professor. Não só o direito, mas o dever de se manifestar.
Em tempos de choques de ideias e opiniões, a grande questão que fica é relativa aos fundamentos do nosso pensar. Se por um lado a livre manifestação de ideais parece algo dado, por outro, como indicavam os teóricos da Escola de Frankfurt, há uma enorme influência dos agentes da indústria cultural na determinação dos modos de se ver e sentir a realidade.
Nem toda opinião está imune aos devaneios da consciência ingênua. E convenhamos, não tem sido fácil, atualmente, posicionar-se de maneira totalmente livre e consciente. Uma professora experiente, que exerceu grande influência sobre minha carreira acadêmica, dizia que “quando o passarinho está mudando de pena, não canta”.
Isso quer dizer que devemos evitar, por vezes, emitir opiniões aceleradamente, em abundância, para não corrermos o risco de cometermos enganos de interpretação e, depois, termos que nos justificar publicamente. A prudência é um bem inestimável para aqueles que pretendem possuir convicções e manifestá-las livremente. Há momentos para tudo, inclusive para se calar.
Nem todos os que se manifestam “livremente” o fazem exatamente com liberdade, já que a liberdade é o pleno domínio sobre as próprias ideias e ações. O mínimo que podemos fazer é fugir da mediocridade, já que esta é prato cheio para os que supõem viver do livre pensar. Quem se sente no dever de falar o que pensa, sabe que há sempre um custo. Em geral o custo é, paradoxalmente, o cerceamento da liberdade de pensar e de se expressar.
Existem uns poucos, como foi o caso de Paulo Freire e como é o de Chomsky, cujo pensamento ingovernável estará sempre exposto, sem temores, diante dos outros pensamentos, teleguiados por meia dúzia de bobagens disseminadas. O exemplo que nos fica desses dois gigantes do pensamento é fazer um esforço para que a mediocridade não nos consuma e, no momento certo, manifestemos nossas crenças na certeza de que farão efeito.