Um dos grandes desafios da educação contemporânea é pensar a formação dos educadores e educadoras. Por décadas emolduradas em concepções tecnicistas, a pedagogia e as licenciaturas trataram de garantir (mas nem sempre) que quem trabalha em educação tivesse acesso a conhecimentos teórico-metodológicos em sua área. Documentos internacionais e reflexões mais contemporâneas do pensamento educacional indicam que há lacunas no aspecto ético-político desta formação.
Dificuldades de convívio com o diferente, falta de abertura para a aprendizagem, defesas exacerbadas de supostos direitos que não se constituem como tal, são características e posturas de uma boa parte daqueles que se dispõem a educar. Mesmo que haja facilitadores e avanços, como o que estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a decisão do Supremo Tribunal Federal de 2011, que obriga estados e municípios a cumprirem a Lei do Piso Salarial de Professores (11.738/2008), para também garantirem que um terço da jornada diária dos educadores seja destinada à formação, existe ainda uma grande dificuldade em entender que o trabalho docente inclui e implica a formação.
Uma grande parte dos educadores e educadoras (eu diria a maioria que se esforça dentro de seus muitos limites) luta para avançar em seu potencial de criação, para tornar suas atuações pedagógicas mais humanizadas, completas, integrais.
Infelizmente o que é mais contemporâneo é tomado como atraso, por conta, inclusive, do discurso da eficácia. ” Na elaboração de políticas públicas, muitas vezes, a ideia de educação como processo contínuo e incomensurável fica em segundo plano. Evidentemente não devemos ser negligentes com a qualidade social do processo educativo, mas querer medir os resultados por padrões meramente técnicos é temerário demais. Nem sempre o discurso da eficiência técnica condiz com a realidade.
Neste emaranhado de situações se encontram os educadores e educadoras. Muitos sonhando com as quimeras de uma sociedade em transformação, pautados pela lógica da qualidade social da educação. Alguns poucos, perdidos em meio aos letárgicos processos individuais (vitimados ou não) de baixa densidade compreensiva de sua própria realidade, quiçá da realidade maior.
Os educadores e educadoras merecem todo respeito e consideração e, em geral, são mais vítimas de um processo de degradação da formação docente inicial e continuada, que algozes. Mas cada um é responsável pelo que faz, há sempre uma margem de escolhas, para lá e para cá.