No início de minha carreira, atuei por mais de 10 anos como professor na Escola Estadual Professor Paulo Mendes Silva. Uma experiência fundamental, que me proporcionou grande lastro na consciência sobre o valor da educação pública. A partir dos contatos com colegas educadores e alunos, me envolvi com grande entusiasmo na luta em favor da qualidade da escola pública paulista.
Foram anos intensos, que me trouxeram grande alegria, com a consolidação de amizades duradouras e atuais, tanto com colegas de profissão, como com alunos e alunas. Realizamos eventos os mais diversificados, na área cultural, como festivais de música, debates sobre temas de interesse público abertos à comunidade. A relação interpessoal, mesmo que perpassada pelas diferenças e as experiências de cada um, sempre se pautou pelo respeito e pelo reconhecimento mútuo.
A escola deixou como legado, ao menos a partir daquele período entre a segunda metade dos anos 80 e metade dos anos 90, a oferta de muitas lideranças sociais, políticas e acadêmicas. Vários educadores que ali atuaram, hoje são professores universitários com titulação de doutor e que trabalham em universidades federais ou privadas. Grande parte dos alunos, hoje formados, atua como profissional liberal em diversas áreas profissionais e alguns deles se constituíram como lideranças políticas regionais. É o caso de três dos atuais coordenadores municipais da estrutura da prefeitura de Jundiaí. Reinaldo Fernandes, coordenador de políticas públicas para pessoas com deficiência; professora Marilza Barnabé, coordenadora de políticas públicas para as mulheres e Vanderlei Natalino Victorino, assessor especial do gabinete do prefeito para as coordenadorias. Os três fazem parte de uma geração que abraçou a luta dos educadores em favor de uma escola pública de qualidade e sempre atuaram, tanto nos seus movimentos específicos, como no movimento em defesa da escola pública. Para felicidade minha, foram meus alunos e são pessoas de quem me orgulho de ter como amigos.
Acompanhei nas redes sociais as fotos das comemorações dos 80 anos da escola, nos últimos dias. Fiquei feliz com a vitalidade ainda presente, nos esforços dos profissionais docentes e gestores daquela unidade escolar. Minhas lembranças daquele período são doces e ternas, porque me sinto filho, de alguma forma, daquele espaço tão acolhedor em que trabalhei e onde atuei com modéstia. E os frutos permanecem, já que hoje me deparo, surpreendentemente, na universidade, com filhos e filhas de antigos alunos daquela escola. Sinto-me recompensado pelo trabalho árduo e, estando já em processo de aposentadoria, creio que tudo valeu à pena.