Os mais “avançados” esperam quebrar as burocracias e legalismos do sistema, que consideram impedimentos à criatividade, ao espírito autônomo nos alunos, já que “engessados” em espaços esquadrinhados em salas de aulas e ritmos “fabris”, não conseguem sair do lugar comum da reprodução de conteúdos sem vínculo com a realidade. Percebem esforços e resultados que, mesmo dentro dos limites culturais e institucionais existentes, fazem bem a muitos alunos, mas, “querem mais”. Talvez tenham razão, mas nem sempre seu modus operandi linguístico agrega.
Na outra ponta, temos a excrescência do “nada a acrescentar”, num complexo quadro social em que a escola não encontra um papel. Os limites impostos a muitas comunidades, sem a devida intervenção do poder público, tornam impraticável uma educação com um mínimo de decência e humanismo. Diante de situações assim, que linha do debate acadêmico dará sustentação a um modelo de escola que seja, na média, sinônimo de acesso aos bens culturais acumulados pela humanidade, através de meios mais condizentes com o avanço social, científico e tecnológico?
Leviano, num simples artigo de opinião, querer indicar o que fazer. De fato, há problemas de lentidão conceitual e metodológica. O problema é querer romper com uma tradição secular em ritmo acelerado, sem respeitar expectativas que estão presentes no imaginário coletivo e que precisam de tempo para reformulação, mesmo que equivocadas.
A cobrança social pelo “bom funcionamento” dos sistemas está muito relacionada à cultura do formar para o trabalho. A falta de domínio de teorias e metodologias críticas incide na densidade do trabalho educativo. O discurso neoliberal em educação fez estragos, sobretudo pelo desprezo ao avanço intelectual. Os sonhos de transformação social que embalavam a prática docente das gerações formadas nos anos 80, muitas inspiradas em Paulo Freire, perderam-se, em grande medida, pelo adesismo das políticas públicas ao falatório empobrecido da Teoria do Capital Humano. Fica a questão: os tempos são outros e a ele temos que nos adaptar ou ainda há como ressignificar o trabalho educativo? Fico com a segunda opção, apesar de não vislumbrar um cenário de grandes transformações.