Um dos meus maiores motivos de orgulho – não porque qualidades sejam inatas em mim – é o compromisso em não me esquecer de nenhum dos meus professores e professoras. Ano passado, no dia dos professores, publiquei a lista toda, do primário ao doutorado. Meus alunos se admiraram. Para mim, uma obrigação histórica, uma gratidão.
Todos, de alguma maneira, marcaram minha vida e proporcionaram momentos importantes de crescimento pessoal. São mais de 200 nomes, guardados no coração. Na última semana, por razões diferentes, acabei revisitando em minha memória e em dois casos específicos, presencialmente, o quão significativos foram quatro desses educadores que me sensibilizaram profundamente.
Deparei-me com a notícia do falecimento de uma das minhas professoras do primário, Marines Terezinha Boccardo Martins Silva. Uma pessoa doce, com sorriso fácil, delicada, atenciosa. Lembrei-me do fato dela ter sido também professora de meu irmão caçula. Temos uma foto em que ele está carinhosamente sendo abraçado por ela.
Alguns anos atrás, em um artigo no qual me referia à escola em que estudei, Grupo Escolar Cecília Rolemberg Porto Guelli, citei-a com carinho. Na ocasião eu era um dos gestores do Colégio Paulo Freire e recebi, dias depois, um telefonema da professora Marinez. Fiquei feliz com aquele reencontro espiritual. No início dos anos 70, ela me ajudava a fazer parte do universo do conhecimento. Não há como esquecê-la.
Durante uma conversa com um amigo, comentando sobre o ocorrido, fui informado do falecimento do marido de outra educadora que muito me tocou durante os anos do ginásio, professora Célia Bernardi Politi. Comovi-me novamente, com a inevitável lembrança de suas aulas tão qualificadas técnica e humanamente. Quando iniciei minha carreira como educador, um dia ela me abordou no calçadão da rua Barão de Jundiaí. Lembrava-se de mim.
Em um terceiro momento, encontrei-me novamente com outro grande educador brasileiro, meu professor de História da Filosofia na graduação, César Aparecido Nunes. Naquela ocasião, ele era um jovem educador de trinta e poucos anos, cheio de vida, discurso afiado na linha progressista. Não tinha como não se encantar, se inspirar, desejar ser professor. Como diz uma amiga psicanalista, o desejo do educador mobiliza o desejo do aluno.
Por fim, nesta segunda-feira reencontrei meu professor de História da Salvação, quando eu ainda era seminarista, Padre Paulo André Labrosse. Este grande líder fez acalentar em mim os sonhos de libertação. São apenas quatro exemplos dos motivos pelos quais todos nós, eternos alunos na vida, devemos preitos de gratidão aos nossos mestres e mestras.