Na última semana reencontrei-me com Antonio Joaquim Severino, meu orientador de Doutorado. Esteve em Jundiaí para ministrar uma palestra sobre Educação de Jovens e Adultos no Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação de Jundiaí.
Na oportunidade, dentre muitos aspectos que se destacaram em sua fala, o que mais me marcou foi a indicação de que todo projeto educativo necessariamente parte de uma intencionalidade. Parece lugar comum, mas não é. Em grande medida, a maioria das dinâmicas escolares não possui uma intencionalidade, mas move-se por um ativismo sem fundamentos, muitas vezes tomado como “educação de qualidade”.
Se nos lembrarmos dos gregos, temos como extrair de sua experiência social o exemplo vivo do que, na intencionalidade do educar, faz a diferença. Como se sabe, eles distinguiam a tarefa do pedagogo, então um escravo, da do professor propriamente dito. Aquele, tinha como missão imprescindível a garantia da formação do caráter dos iniciantes na cidadania. Aos outros, cabia o ensino dos saberes mais teórico-técnicos necessários para a vida prática. Não havia dissociação entre estas duas dinâmicas, mas sem dúvida formar para a cidadania e para a vida ética era a intencionalidade maior.
Aristóteles propunha que a ética e a política possuem a mesma finalidade, que é o bem do ser humano. Pensando neste propósito educativo dos gregos, talvez devêssemos questionar a dificuldade hoje existente em tornar uma intencionalidade explícita esta formação para a vida ética e para a vida política. Ao contrário, reproduzimos discursos pedagógicos pragmatistas, que supõem sustentar o essencial nas efemeridades discursivas das “novas tecnologias” ou da “sociedade da informação”. Sem convivência humana e diálogo profícuo, fundamentado, nunca haverá comunicação, apenas comunicados.
Qualificar para o diálogo, como desdobramento da intencionalidade primeira, de formar para a vida ética e para a vida política, torna-se a tarefa metodológica por excelência. Preciosidades são descartadas para, em seu “lugar”, introduzirem-se palavras vazias e sem sentido, que nada mais fazem que continuar a propagar os ecos do senso comum.
Por estas razões todas, engana-se quem imagina que filosofar é abstrair. Se considerarmos a reflexão como pressuposto e condição essencial de uma tarefa educativa, não haverá como escapar, como resultado desta reflexão, da busca por respostas a questões práticas e candentes que nos afligem. Aliás, como já está provado e tantos não entendem, pensamento é ação. Voltemos aos clássicos.