Em muitos ambientes e sistemas escolares, vive-se a ilusão de que o conhecimento está sob controle, como uma massa informe que pode ser “disponibilizada e assimilada” pelos sujeitos aprendentes. Mas o tempo e o processo da educação são outros. Milimetrar, quantificar e avaliar com intenções matemáticas o que se aprende é, no mínimo, em pleno século XXI, um grande ridículo.
Não que devamos, como educadores, “fazer qualquer coisa”. Há três desafios e tarefas imprescindíveis para uma boa educação: seriedade em relação ao conhecimento, compromisso social e esperança. Sem esses pilares como pressupostos e também como objetivos do processo educacional, estamos fadados ao insucesso, reproduzindo meia dúzia de “verdades” científicas sem conexão com sonhos e com a transformação social.
Escapa também ao controle educativo, o desenvolvimento das subjetividades. Por vezes, as contradições do convívio humano se ajustam no tempo e a aprendizagem se dá, para educadores e educandos, no transcurso de sua experiência cultural fora da escola. Na última semana um ex-aluno me adicionou no facebook. De imediato, aceitei. Como ele estava conectado, iniciou um diálogo “in box” comigo. Lembrou-se de um episódio, quando eu fui seu professor de história no Ensino Médio, no qual o “sangue subiu”, para ambos os lados. Agora já bem adulto, formado e bem sucedido na arte da computação gráfica, tem dado um show talentoso no campo profissional. Mas o que mais me deixou feliz foi que ele me “pediu desculpas” por ter subido o tom comigo naquela ocasião. Nem me lembrava do episódio, mas para ele aquilo tinha ficado como um peso na memória. Desculpamo-nos mutuamente e a conversa fluiu positivamente.
Em plena semana do professor, quando nos vem à cabeça as agruras e sofrimentos da profissão, aparecem também lembranças e situações que demonstram que vale a pena esperar o tempo da educação. Ele nunca será esquartejado, picado e controlado por ninguém. Há aprendizagens que escapam ao discurso empobrecido em torno das “expectativas de aprendizagem”, já que esse termo está associado a uma ideia de controle que não existe na prática. Em educação tudo flui livremente e querer submeter o complexo processo de aquisição de conhecimentos, a própria vida, aos ditames dos sistemas escolares, parece-me temerário demais.
Todos nós, educadores e educandos, estamos inseridos numa lógica que transcende as intenções de domínio, controle e submissão a planilhas e políticas educacionais. Podemos até manter certa seriedade na organização de nosso trabalho, nas referências teóricas que utilizamos, mas supor que elas serão suficientes é ledo engano.
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