Convenhamos, o autoritarismo é uma via de mão dupla. Mas não é esse o caso, aqui. Estamos falando dos que nada produzem em educação e se arvoram à condição de “bons gestores”. Produção, neste caso, não necessariamente tem que ver com estudos acadêmicos. No entanto, os que se valem do discurso antiacademicista, paradoxalmente, carecem de profundidade discursiva e, para estes, a prática sempre é mais importante que o discurso. Nada contra, desde que o discurso sobre a prática seja ele também fundamentado.
Tenho ainda outro palpite. O que falta pode ser o cuidado permanente. Significa não repassar a fórceps responsabilidades para outros. A saga privatizante de outrora sugeria menos atuação do Estado e mais transferências para outros entes federativos.
Talvez esta dinâmica explique muitas das atuais faltas apontadas por muitos, como acesso à escola em determinados segmentos, que por décadas não foram tratados na relação entre crescimento populacional e direitos. Agora resta a quem enfrenta este problema assumir a culpa pela irresponsabilidade alheia. Mais, ainda, pensar articulações entre direitos educacionais e demais direitos sociais, com sensibilidade humana e política além de suas forças.
Nas últimas décadas estudos sobre políticas públicas educacionais se construíram aos montes. Quem não os leu pode querer sugerir soluções mirabolantes e imediatistas, mas que não levam em conta as mudanças históricas e, sobretudo, de referenciais econômicos que acometeram a sociedade brasileira no contexto neoliberal.
Talvez faltem ainda muita tinta na parede, playgrounds equipados, telhados consertados. Quem viveu o chão da fábrica da escola e tem o pé na pesquisa pode ver mais longe, muito mais longe que os que preferem sandálias com meias. São os supostos gurus do gerenciamento educacional, sombras do passado arcaico que nos rodeiam.