Verbalismos nada tem que ver com fundamentação teórica. Críticas ao suposto academicismo são confissões de inabilidade com o saber fundamentado. Há pessoas que reificam o tempo todo no seu discurso que não possuem a fundamentação, por isso apelam para a verborragia sem sentido. Típico nos processos educacionais, tanto no setor público quanto no privado é reproduzir meia dúzia de bobagens palavrescas como se fossem verdades teóricas.
Nenhum especialista em medicina, por exemplo, propõe alguma profilaxia que não tem fundamento científico. A não ser que existam evidências empíricas, na educação muito menos deveria prevalecer esse clima “zen”, das palavras doces e descoladas da realidade de fato. Quem pode promover a ascensão da realidade senão a sua parceira imprescindível, a teoria?
O dito que já foi dito, decidido por uma referência sem referência, ou uma referência cuja referência é não ter referência, precariza a construção de orientações pedagógicas, porque alguém achou que o coletivo do pouco é o coletivo do todo. Nada mais contraditório em relação ao próprio pensamento de Paulo Freire, já que nosso patrono da educação jamais desejou a prevalência de interesses de quem quer que seja. Julgamentos à parte, falta humildade nos que estão envolvidos cotidianamente com a tarefa educativa. Muitos supõem que os problemas sociais todos serão resolvidos com o desejo puro e simples de uma educação transformadora. Isso seria negar a contradição. Viver a contradição é assumir a humildade.
Humildade, diga-se de passagem, não significa abrir mão do saber sistematizado que adquirimos com esforço ao longo de nossa jornada profissional, mas utilizá-lo de forma a não prescindir da visão do senso comum, mesmo que desfocada, como base para o aprofundamento do diálogo.
Quem não sabe dialogar, na verdade é quem sempre prefere o senso comum, despreza o saber teórico por considera-lo pedantesco. Falta humildade e reconhecimento à história de luta de tantos que dedicam a vida em favor de uma melhor compreensão dos dilemas da educação. Talvez por isso, em nosso país, verifiquemos tanto desprezo aos nossos principais intelectuais e, com o apoio de uma mídia sofrível, subam à cena, os promotores do discurso fácil e superficial.