Lá se vão 23 anos escrevendo para o Jornal de Jundiaí Regional. Rabisco algumas ideias semanais a partir de minhas vivências, acreditando que elas reverberem positivamente na vida das pessoas. Minha mãe, que Deus a tenha, foi uma operária, aprendiz de tecelã na antiga Argos Industrial. Meu pai, um artífice de fundição na antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, deu-me o exemplo do gosto pela leitura. Minhas bênçãos.
Sou feliz por ter conhecido amigos maravilhosos, que se fazem presentes em minha vida. Alguns em Minas Gerais, no Paraná, no Pará, em vários lugares. Também sou muito grato por ter conhecido Paulo Freire, meu mestre, que nos ensina socraticamente que ninguém ensina ninguém. Aprendemos em comunhão. Não há perfeição ideológica, técnica, humana, pedagógica que dê conta de resolver todos os problemas do mundo. Mas há esperança, que tentamos cultivar com alegria.
Sinto-me completo, sem uma obra própria. Compartilho experiências com as pessoas. Meu maior patrimônio? A vaidade me provoca a tentação de dizer que são os milhares de alunos e alunas que tive. Só vaidade, eles possuem vida própria e brilharam na minha vida, iluminando-a.
Espero sinceramente, neste momento em que assumo mais uma função de serviço à comunidade, que possa contribuir para com a melhoria de vida de muitas pessoas. Como disse um colega recentemente, lembrando o evangelho, “somos servos inúteis e apenas fazemos o que nos cabe”. Salvadores da pátria fazem parte do roteiro das novelas. Só posso acreditar na força dos princípios, das ideias e das ações transformadoras.
A educação não fará nenhuma diferença na vida das pessoas se for mera reprodução. Na minha modesta opinião, não há déficits de matemática ou língua portuguesa a corrigir. Há déficits humanos, dos quais dependem os demais. Formar para a decência e a vida ética, eis a tarefa maior de todos os que se dedicam ao trabalho diário de educar. O poder público tem responsabilidades enormes. Eu acredito sinceramente que a maior de todas é abrir o diálogo, de forma sincera e honesta, para que as questões candentes e profundas, relativas aos direitos e dignidades, sejam tratadas com seriedade e responsabilidade. Todos os agentes públicos de bem, que representam a decência e a luta por direitos, precisam construir esse diálogo profícuo, para que todos os males deste país de muitas faces sejam amenizados com espírito fraterno e mangas arregaçadas. De minha parte, coloco-me a serviço, sem vaidades e com alegria.